quarta-feira, 10 de abril de 2024

 a cantora estava na fila da gol.

ele, na da latam.
check in.
ele não tirava os olhos dela, enquanto empurrava a mochila com o pé.
ela notou.
baixou o olhar ao ver o dele.
desviou.
cochichou algo com a enorme mulher que a acompanhava.
a gigante o encarou.
nem viu o olhar dela, quanto mais se intimidar.
ela pegou a cantora pelos ombros e a virou pra si.
a cantora ouve o que ela fala.
ela continua o encarando.
por cima do ombro da cantora.
ele, olhando pra cantora.
que não resiste e se volta.
mas sem olhar no olhar dele.
ao menos, diretamente.
a fila anda.
a matrona empurra o carrinho com as malas da cantora.
de repente, a cantora levanta os olhos e o encara.
diretamente.
parece surpresa com a situação e com vontade de sorrir.
o que será que passa em sua cabeça?
finalmente, zona de embarque.
cada um segue seu rumo.
ele entrega o ceclular com passagem e qrcode.
a atendente ri pois precisa chamar sua atenção duas vezes pra abrir a tela.
ela se vai, ele também.
não sem antes um ultimo olhar da cantora.
a quem ele continua encarando até entrar no túnel sanfonado.
já sentado, ouve uma voz e estremece de susto.
“puxa, não sabia que você gostava tanto da adriana. ficou encarando a mulher quase meia hora”!
é a mulher dele.
que havia sumido, como todo o resto, de seu radar.
”é, ela é engraçadinha”, quase murmura.
“engraçadinha só se for procê. a mulher tá um caco!”, diz, num misto de ironia e raiva, que ele conhece bem.
“será que aquela gigante é mulher dela?, pergunta, rindo sacana.
quem se importa?
como explicar senão a ele mesmo a viagem que fez ao ver a cantora?
como dizer a importância dela e suas músicas na maior historia de amor e paixão que alguém pode viver e sair vivo?
como dizer de cada canção que os embalou em loucas noites?
nus na praça do papa, o vidro do carro todo embaçado. ‘
ou no vertedouro da pampulha, amor sobre o capô do velho 147, cara chata.
ou rua sapucaí, quando ainda não era modinha, ele tirando fotos dela nua com a adorada olympus trip 35, que ganhou numa rifa?
preferiu recostar a poltrona, botar os fones nos ouvidos –não, não acessou as músicas da cantora-, e tentou fugir desse louco e insensato mundo cheio de sons e fúria significando nada.

terça-feira, 26 de março de 2024

 eu sei que o cerne da justiça numa democracia, está no trabalho do advogado.

ai do brasil se não fossem os advogados.
e os jornalistas.
estaríamos até hoje batendo continência pra milicos do tipinho de joão figueiredo, medici e cid e pazuello e jair e braga.
mas algo em minha alma não consegue digerir uma advogada defendendo um estuprador.
pra mim, a maior violência que um homem pode fazer a uma mulher, é estuprá-la!
enfim.
Pode ser uma ilustração

quinta-feira, 21 de março de 2024

James Brown...Funky Good Time...Extended Mix...

tem sempre alguém fazendo a pergunta "se houvesse uma máquina do tempo o que você gostaria de ver ou fazer?"
eu sei que gostaria de assistir essa gravação.
e o consequente show no apolo, em nova york.
nem me preocuparia em voltar.
minha alma só falta sair do corpo,

 textãozâo pra hora do almoço

tenho um mote que já se tornou mantra, pra mim.
tudo e qualquer coisa que se criar ou inventar fora do brasil e vier pra cá, o brasileiro fará tudo pra destruir.
tudo e qualquer coisa!
até democracia.
essas plataformas de vendas on line são de um profissionalismo que espanta.
seja Amazon.com, shopee,
se esmeram em entregar o produto perfeito, na fiscalização dos vendedores parceiros, no cumprimentos dos prazos, no respeito aos pagamento, na qualidade dos produtos e no pós venda, se der zebra.
um profissionalismo e uma logística que não se conhecia por aqui.
e que, via de regra, não se utiliza aqui.
da saída de um anel de aço de um lugar como shengzen, até a porta de minha casa em uma semana, é de se boquiabrir.
mas eis que vem o tal de brasileiro e suas empresinhas e seus empregadinhos.
e demolem tudo com seu despreparo, ignorância e desprezo.
queria um jogo de lâmpadas pra espelho de banheiro.
é mais fácil pra se fazer barba, tirar pelo do nariz, cravo na cara e craca nos dentes.
a luz do teto nunca é suficiente.
pois bem.
peço na Shopee
pago.
espero.
abro todo dia o aplicativo.
pedido coletado.
pedido chegou ao centro logístico.
(eles escrevem “no” centro logístico. hahaha!}
pedido a caminhio de sua casa.
pedido entregue.
epa!
não recebi nada!
entro em contato com a loja.
dizem que é problema da shopee.
peço reembolso. ‘
shopee diz que vai avaliar.
cancelam o reembolso.
garantem que a empresa entregadora diz que entregaram. peço reembolso de novo.
não pelo valor.
mas pelo desaforo. entro na central de atendimento. garoto gentil abre outro pedido de reembolso.
cancelado.
garantem e tentam provar que entregaram.
enviam uma foto de um pacote na mao de alguem em frente à minha casa às dez horas da noite.
tás brincando?
e dai?
isso e prova de que?
não tocaram campainha nem interfone.
e dez horas da noite estou invariavelmente em casa.
entro em contato de novo com a shopee.
sábado, pela manhã, vou sair pra pedalar e encontro meu vizinho.
ex oficial da aeronáutica, conversamos sempre sobre o randevu que é nosso país.
ele me fala que jogaram um pacote de lixo no telhado de minha garagem.
desço do carro e vou olhar.
de fato, tem um saquinho preto sobre o telhado.
retiro.
o que é?
a entrega da shopee.
típico entregador como aquele que atirou a tv sobre o muro da casa do comprador.
que tipo de gente faz isso? quem contrata essa gente?
brasileiro.
gente ignorante.
gente que faz tudo com preguica e desprezo.
empresários que se conseguem tomar um uísque no fim de semana, já se acha um vencedor e que treinamento pra funcionário é gasto, não investimento.
custava ligar a cobrar ou do zap, explicando?
prevejo algo que o mercado livre tá fazendo com maestria. cria ilhas em diversos locais onde podemos buscar nossos produtos.
ou aqueles totens nos mercadinhos e drogarias.
assim como será com caixas de supermercados, como foi com caixas de banco e breve frentistas, o entregador de produtinhos que aprenda a capinar um lote, pro seu sustento.
ps: apesar de sol e chuva durante uma semana, as lâmpadas estão bem e são lindas.
ps2: como já está se abrasileirado, a shopee ficou com a versão da transportadora e tocou o fodas.
sorte minha ter vizinho observador e atento.


 certeza

eu não sei nada
de quase tudo


 pensata

não creio mais que a felicidade seja coisa momentânea.
acredito que ela pode ser uma condição permanente.
sera isso a tal da maturidade?
não creio.
sempre tive essa sensação.
e olhe que comi o pão que o diabo amassou com um
o rabo e usou xixi como fermento.
rio muito.
de tudo é de todos.
principalmente de mim, quando me
levo a sério.
mamãe não gostava.
macambuzia com os filhos, dizia que muito riso é sinal de pouco siso.
nunca tive.
e os que nasceram em minha boca, arranquei.
se me entende.
doido, né?

terça-feira, 19 de março de 2024

 

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quando eu era criança pequena lá no bairro cruzeiro, havia uma ou duas casas onde minha fazia faxina, lavava e passava, que os moradores eram gente boa.

eram considerado ricos para os padrões.

talvez fossem, que sei eu.

uma dessas família era a de dona geni e seu bibi.

eles moravam numa casa linda com banheira logo abaixo da rua bras cubas.

em verdade, era a terceira casa.

dona geni era a típica bonachona dos contos de nelson rodrigues.

ria muita, adorava conversar com as vizinhas no fim da tarde no muro da casa e nos tratava muito bem.

ela não partia pão, bolo, frutas, queijos o que fosse que estivesse na mesa do café da tarde.

nos obrigava a partir.

mamãe, já tendo avisado desde a saída de casa que não era pra aceitar nada, ficava de olho.

dona geni ralhava com ela.

e dizia “pode pegar, toninho. sua mãe não manda aqui não!”

e ria.

eu ia, timidamente, olhando pra minha mãe e tirava um naco miserável de queijo.

um adendo: eu sempre fui doido com queijo.

não sei de onde veio isso. lá em casa nem tinha.

com manteiga e pão francês, nossasinhora do céu!

uma miserinha de queijo aqui, outro pedacinho de pão de meio quilo ali e nem chegava perto do bolo.

ou da manteiga.

botava num pires e ia comer no canto do tanque, embora ela insistisse pra eu comer na mesa.

e o olhar de mamãe?

os filhos dela, um rapaz e duas moças, já eram adolescentes e se divertiam com aquilo.

eles gostavam de mim.

almir me dava exemplares velhos de seleções do reader’s digest e as moças, grande hotel e capricho.

eu já me aventurava nas leituras, embora ainda fora da escola.

mas eis o que quero dizer:

hoje, posso comprar o queijo que quiser e tirar a lasca do tamanho de minha mão se quiser.

tenho sempre em casa o minas e o espetacular canastra meio amarelado.

e não adianta.

abro o pão, borroco de manteirga e o naco de queijo é do tamanho que eu partia na casa de dona geni.

repito uma, duas, três vezes.

mas a micharia é sempre a a mesma.

·       o pedaço que dou pro mick, que também adora queijo, é maior que o que parto pra mim.

vai entender.

ou explicar.___________________________________________